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Porto de Santos registra queda de 5,1% na movimentação de cargas em 2016

A movimentação de cargas no Porto de Santos caiu 5,1% no ano passado, totalizando 113,815 milhões de toneladas.

O resultado foi motivado pela diminuição nas exportações, principalmente as de milho, reduzidas pela metade (-49,7%).

Apesar disso, o total obtido em 2016 foi o terceiro melhor na história do complexo portuário, perdendo apenas para 2015 (119,93 milhões de toneladas) e 2013 (114,1 milhões de toneladas).

Os dados integram o relatório final das operações do Porto no ano passado, divulgado ontem pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Autoridade Portuária de Santos.

No início deste mês, a Codesp chegou a divulgar uma projeção para o fechamento do último exercício, estimando um total de 113,4 milhões de toneladas – em relação ao número anunciado ontem, uma diferença de 400 mil toneladas (equivalente ao peso de 19 contêineres de 20 pés cheios) .

No começo do ano passado, a expectativa da Docas era bem mais otimista. O valor calculado chegava a 119,6 milhões de toneladas.

Diante dos números oficiais de 2016, o diretor-presidente da Codesp, José Alex Oliva, afirmou que “esse volume, apesar de representar uma redução na comparação com o apurado em 2015, devido, principalmente, à expressiva queda nos embarques de milho, foi concretizado num cenário econômico global adverso, mostrando o bom desempenho do Porto de Santos, inclusive, em situações adversas”.

O diretor de Relações com o Mercado e Comunidade, Cleveland Lofrano, apontou outro fator para esse resultado – a diminuição nas operações com cargas conteinerizadas, afetadas por fatores conjunturais, como a valorização do Real, que afetou a competitividade das exportações brasileiras de maior valor agregado, em um cenário global de demanda ainda reprimida.

De acordo com o relatório da Docas, as exportações somaram 81,42 milhões de toneladas, 7% abaixo do contabilizado no ano passado (87,56 milhões de toneladas).

As importações atingiram 32,39 milhões de toneladas, 0,1% acima das descargas verificadas em 2015 (32,366 milhões de toneladas).

As commodities agrícolas continuaram a se destacar no complexo marítimo.

Os embarques de açúcar somaram 20,25 milhões de toneladas, 11,4% a mais do que no ano passado, enquanto os do complexo soja chegaram a 19,12 milhões de toneladas, com uma alta de 7,6%.

“Os embarques de açúcar e soja em grãos contribuíram para amenizar a queda na movimentação, favorecidos por uma boa safra e preços internacionais em recuperação”, comentou Lofrano.

Apesar da queda, 2016 foi o terceiro melhor ano em movimentações, perdendo para 2013 e 2015.

Na importação, o adubo liderou as operações, com 3,54 milhões de toneladas descarregadas, 47,4% a mais do que no ano anterior.

A carga conteinerizada somou 3,56 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), 5,7% abaixo do total verificado no ano passado (3,779 milhões de TEU).

Em tonelagem, a queda foi menor, de 1,9%, totalizando 40,42 milhões de toneladas.

Durante o ano, o Porto de Santos teve 4.723 atracações, 8,2% menos do que as 5.144 escalas de 2015.

Crises e clima explicam queda

A queda de 5,1% na movimentação de cargas do Porto de Santos no ano passado é reflexo de três fatores.

Além da recessão econômica e da crise política, especialistas no setor apontam ainda questões climáticas como causas da redução das operações no cais santista.

Para o consultor portuário Fabrízio Pierdomênico, o Porto de Santos é muito sensível às variações econômicas, principalmente no caso das movimentações de contêineres.

O que agrava mais ainda a situação é o fato das caixas metálicas terem um peso muito grande nas operações locais.

No ano passado, o movimento de cargas conteinerizadas somou 3,5 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) e ficou 5,7% abaixo do total verificado no ano anterior, 3,7 milhões de TEU,

“Vejo duas vertentes. A primeira tem uma relação direta com a recessão econômica, a desaceleração da economia, com a queda do PIB (Produto Interno Bruto). Tudo isso acaba afetando, em especial, as cargas de valor agregado. Neste caso, estamos falando de contêineres”, disse Pierdomênico.

Na visão do consultor portuário Marcos Vendramini, a questão está diretamente ligada à economia, com a redução do poder aquisitivo do brasileiro, que está associada às importações.

Além disso, as incertezas políticas afetaram o desempenho do Brasil no mercado internacional. “2016 não foi ruim. Foi terrível. A gente está torcendo para que este ano seja apenas ruim e bem diferente do ano passado. Se o governo sinalizar bem na parte de concessões e infraestrutura, continuando a queda de juros, nós podemos começar a retomar (o crescimento da economia) lá pelo final do ano”, afirmou Vendramini.

Segundo o presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sérgio Aquino, a redução das operações com contêineres produz um efeito cascata que também prejudica os serviços relacionados. Entre eles, estão o desempenho dos terminais retroportuários e o desembaraço de mercadorias.

“A economia da região vem sofrendo em função dessa queda”, disse.

De acordo com Aquino, em relação à queda na movimentação de granéis sólidos de origem vegetal, é preciso analisar os dados dos anos anteriores.

Isto porque as operações de grãos cresceram quando o milho passou a se destacar na safrinha –período após a colheita de soja, em que os produtores aproveitam a terra para uma nova plantação.

“No passado, se fez alarde sobre os recordes de movimentação de grãos, influenciados pela safra de milho. No entanto, foi um fato atípico, que precisa ser visto desta forma. O foco tem que ser o complexo soja”, destacou Aquino.

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