Santa Catarina perde a liderança na exportação de frangos
De janeiro a novembro de 2009, Estado perdeu 20% da receita no setor Santa Catarina perdeu em 2009 a liderança na exportação de frangos. A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) divulga nesta quinta-feira os dados consolidados do ano passado sobre as exportações brasileiras do produto.Desde 2006, quando os produtores sofreram o reflexo da gripe aviária, a queda nas exportações não era tão significativa, na avaliação do presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Clever Pirola Avila.
De janeiro até novembro, o Estado perdeu 20% da receita das exportações no setor, caindo de US$ 1,6 bilhão em 2008 para US$ 1,3 bilhão em 2009. A proporção segue a tendência nacional: o Brasil perdeu 19% no mesmo período.
A crise internacional e a desvalorização cambial afetaram os embarques brasileiros e o país sentiu o baque porque é o maior exportador de frango do mundo, na explicação do secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarnes), Ricardo Gouvêa. Mas Santa Catarina foi especialmente afetada pelas enchentes que destruíram parte do Porto de Itajaí em 2008, acrescenta Avila.
Depois disso, o Paraná ganhou quatro pontos percentuais sobre as exportações e a produção catarinenses e alcançou a liderança com o Porto de Paranaguá. Avila lembra que, no ano passado, a produção catarinense foi de 100 milhões de pintinhos ao mês, em média, e 30% disso foi vendido para o Exterior.
— Apresentamos uma proposta de planejamento até 2050 para o governador do Estado. Reivindicamos ações políticas visando incentivo à produção de grãos e melhoria logística, focado em ferrovias, para podermos recuperar a competitividade catarinense — afirma, destacando que é preciso dar visão de longo prazo para não haver migração da produção local para outros estados.
Dados não oficiais divulgados pelo site especializado em avicultura, Avisite, indicam que o volume embarcado pelo Brasil em dezembro deste ano chegou a 287,2 toneladas — um aumento de 21% sobre novembro e 19% em relação a dezembro de 2008. O mesmo site divulga que a receita cambial teria recuado 17,22 %, caindo de US$ 5,8 bilhões em 2008 para US$4,8 bilhões em 2009.
Produtores buscam mercados
O mercado interno não parece a solução para escoar a queda nas exportações, porque 70% da produção brasileira é consumida no próprio país. Por outro lado, a abertura do Uruguai para a carne brasileira pode ser um bom sinal, não tanto pelo tamanho do mercado, mas pelo reconhecimento sanitário internacional.
O secretário executivo do Sindicarnes, Ricardo Gouvêa, afirma que com a queda nos preços internacionais, houve maior oferta de carne bovina e suína no mercado interno. A maior competição não permitiu que o frango ampliasse a inserção no Brasil, tanto em termos de quantidade quanto de valor. — Algumas empresas acabaram reduzindo a base, suspendendo turnos de produção e diminuiu a produção no campo — constata.
Por outro lado, o Estado é referência em sanidade animal no país. O presidente da Acav, Clever Avila, lembra que o Uruguai é país de pequena população e consumo, mas o grande ganho na abertura do mercado no país vizinho é o reconhecimento da condição sanitária brasileira.
Avila afirma que a Acav, em conjunto com a Abef, está buscando ampliar o mercado internacional e aponta para México, Indonésia, Estados Unidos e China. Para 2010, a expectativa é otimista para o presidente do Sindicato Patronal dos Criadores de Aves de Santa Catarina (Sincravesc), Valdemar Kovaleski. — A interpretação que temos do mercado é que em 2010 estará em expansão, com a superação da crise internacional e a manutenção da qualidade do nosso produto. Não temos porque temer — destaca.
O presidente da Abef, Francisco Turra, afirmou recentemente que não é tão otimista para 2010 e projeta um crescimento de no máximo 5%, devido a situação atual do câmbio, que não deve ser alterado. O custo da produção deverá se manter estável, uma vez que a soja e o milho, que formam 97% da ração dos frangos e suínos, devem ter boas safras no período.